domingo, 20 de outubro de 2013

Mesmo Que o Mundo Acabe - Parte 2

“6ª série
Natiele - turma 6A vespertino
Eduardo – turma 6A vespertino
Biblioteca

Naty deslizava o dedo indicador pela lombada de vários livros de literatura estrangeira. Havia lido praticamente todos os exemplares de aventura, romance e ficção que a biblioteca dispunha no momento, e sempre ansiava por mais.
  Livros a fascinavam imensamente, pois os considerava como a materialização do conhecimento e de ideias. Algo abstrato e intangível que era solidificado em letras, palavras, parágrafos, páginas e capa; acessível então a qualquer ser humano que desejasse assimilar a informação que continha.
  Desinteressadamente, a garota lançou um olhar ligeiro para os colegas ao redor. Todos estavam empenhados na missão de escolher algum livro que pudessem utilizar na atividade das aulas de Português daquele bimestre. Os risos e as conversas agitadas estavam levando a pobre bibliotecária à loucura, que monitorava a algazarra com seus olhos enraivecidos por trás dos óculos de lentes retangulares.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lugar hostil


 Um vento gélido bateu em minhas pernas e eu voltei a encolhe-lás . '' Eu juro que achei que tinha fechado a janela '' - pensava.Olhei por debaixo do cobertor. A cortina roxa balançava por causa do vento.Pensei em levantar e fechar a janela , mas estava quase dormindo, entao deixei pra lá.
 Foi a partir deste dia que tudo começou.Vozes.Vozes vindas de todos os lugares e a qualquer hora. Era ímpossível parar de escutar. Ai fiz uma coisa que nao deveria. Contei á meus pais. Eles chamaram um sacerdote e fizeram tudo o que se podia imaginar. Menos uma coisa > Me internar. E o pior é que o fizeram. Passei vários e vários anos naquele lugar, onde os sons ficavam ainda mais horrendos e altos. Ainda mais que se misturavam com gritos de dor dos pacientes.
 Os enfermeiros viviam enfiando agulhas , dando drogas e sedando as pessoas. E havia um dos enfermeiros que era o pior. Ele se chamava Mark Neil. Mas eu o chamava de Dono da Morte. O que nao era por acaso. Em todos os anos que estive lá ele havia matado mais de 14 pessoas. E ele era o que mais me apavorava. O Dono da Morte já havia me sedado bruscamente umas 39 vezes,me machucava muito,e me drogava quase todas as noites. Mas nao era apenas comigo esse comportamento hostil . Ele fazia isso com quase todos os pacientes da ala 49. E abusava muito das mulheres. Já ouvi muito o grito de pavor delas.
 Mas houve um dia em que isso mudou. Com um estilete escondido na mao esquerda eu o esperei. Ouvia seus passos lentos e aterrorizantes.
 Enquanto ele preparava minha droga diária, eu me preparei. E foi quando ele puxou meu braço, que enfiei o estilete em sua coxa direita. Ele gritava. Um grito magnífico. Eu havia o machucado e o mesmo estava sangrando e correndo atrás de mim. Mas nao foi mais rápido que eu. O tempo que tive foi o suficiente para tocar fogo no local. E para minha satisfaçao, ouvi Mark Neil gritar ao ser carbonizado lentamente. Eu pudi rir dele pela primeira e última vez.Uma risada sarcástica. E aquele local hostil , que me fez sofrer horrores, foi completamente destruído pelo fogo. Pena que nao consegui escapar de lá.

A chuva gélida

    Esta chuva melancólica que durante o dia me privou de meus prazeres supérfluo, e durante a noite me distanciou de sua epiderme macia e arrepiada.
    Estas gotas frias combinam com o gelo de uma saudade onde não há distancia.
    Somos seres tão contraditórios, que ate mesmo nossos desejos podem nos trazer uma dor incomparável.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Arrependimentos de um covarde

        Fico horas observando o movimento na praça da janela do quarto andar, fingindo que de alguma forma isso me distrai; fingindo que ver velhos viventes perdendo seu inútil tempo com jogos de cartas me faz esquecer minhas angustias.