Fico horas observando o movimento na praça da janela do quarto andar, fingindo que de alguma forma isso me distrai; fingindo que ver velhos viventes perdendo seu inútil tempo com jogos de cartas me faz esquecer minhas angustias.
Tentando disfarçar meus suspiros me contamino com essa fumaça melancólica, que a cada segundo torna o recinto mais digno da profunda depressão que me abstém da vida.
Mas não importa o quanto tento disfarçar, tudo que realmente espero é vela atravessar a praça novamente, como fazia todas as tardes. O único momento em que realente me sentia vivo,em que podia me deslumbrar com toda a formosidade de seus traços, com a sintonia de seus movimentos, e a delicadeza de sua beleza que me fazia entusiasmado como poucas coisas nesse universo. E quando suas formas desapareciam ao virar a esquina, a única coisa que podia fazer era esperar pela próxima tarde.
Mas já se fazem três semanas que minhas tardes não tem significado, e meus devaneios fantasiam as piores hipóteses para explicar o desaparecimento da jovem donzela que me fez ter sentimentos; porem com resquícios de esperanças lhe esperarei amanha, olhando da mesma janela, como venho fazendo todos os dias.
Hoje me culpo por simplesmente admira-la; devia ter comprado flores, esperado na praça e lhe abordado com algum galanteio, ou ao menos ficar em uma posição em que ela notasse minha existência.
Estou convencido, se ela aparecer amanha, irei falar com ela. Ela provavelmente irá me achar engraçado e conseguirei arrancar ao menos um sorriso para recuperar toda a felicidade que perdi... caso ela não apareça, o que me restará será apenas a liberdade. A liberdade das tormentas física.
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1 comentários:
Gostei muito deste seu texto. De algum jeito tu conseguiu capturar um sentimento melancólico que é bastante relatável...
Muy bueno hombre!
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